Sempre que uma agência de notação baixa o rating da economia de Portugal ou de uma empresa, um coro de indignação varre as ondas electromagnéticas dos inúmeros programas de debate político-económico no país. O argumento mais batido é o da falta de legitimidade de tais agências porque, dizem eles, espalharam-se ao comprido mesmo na véspera do colapso em dominó das instituições financeiras ocidentais. Curiosamente não se explica porque é que as agências financeiras falharam. E não é explicado porque não interessa.
Em 15 de Setembro de 2008, a Lehman’s Brothers, um dos 4 bancos de investimento mais ricos do mundo, entrou em falência. Tal foi a escala do colapso do sistema financeiro em ambos os lados do Atlântico, que o mundo derrapou para a maior Depressão desde os anos 30.
As causas imediatas deste crash financeiro estiveram no risco com que muitas instituições financeiras aplicaram elevadas quantidades de dinheiro em investimentos sobreavaliados e que pensavam ser seguros. Os produtos tóxicos.
Até aqui nada de novo. Contudo, o factor deliberadamente omitido nesta grande escapadela á realidade, foi a enorme fé (e a ganância em anexo), colocada pelos mercados financeiros nesses investimentos e empréstimos, resultantes da demasiada confiança, senão mesmo da total dependência, das projecções de modelos computorizados.
Quando a Forbes previu em Abril de 2008 que as acções da Freddie Mac, um dos dois monstros americanos que dominavam o mercado das hipotecas, pareciam atractivas a 29 dólares, a razão para este parecer foi baseada na avaliação proveniente dos dispendiosos programas (modelos) de computador, que perderam totalmente o contacto com a realidade daquela companhia. Cinco meses depois, as acções da Freddie Mac valiam apenas 25 cêntimos, uma queda de 99% do seu valor. Talvez seja esta a inspiração para o nome porque são conhecidos, aquela camada de contestários que se amontoam em Wall Street, accionados pelos dinheiros de um conhecido especulador.
Se os modelos computorizados funcionando a wishfull thinking provaram ser tão desastrosamente incapazes de espelhar todas as variáveis envolvidas no mercado das hipotecas, como é que eles podem ser fiáveis na replicação de variáveis infinitamente mais complexas envolvidas na previsão do clima futuro do planeta?
Pois é aqui que a porca torce o rabo. É que maioria dos políticos e comentadores que “se atiram como lobos famintos” às agências de rating, são os mesmos que fazem a apologia do aquecimento global (como a senhora Teresa de Sousa, só para dar um exemplo) que resulta, também ele, de modelos computorizados. Portanto, não vá o abovinado e hipnotizado people frente ao écran televisivo, fazer a imediata relação entre a falência dos modelos de análise financeira e os modelos de análise climática, o melhor é sossegá-los, escamotear e chutar para canto a verdadeira razão pela qual as agências falharam e ficar só pela contestação fácil, antes que a contradição dos palradores residentes se torne óbvia.
Uma ligação mais específica entre o crash financeiro e as “alterações climáticas” constituiu a falência da Lehman Brothers. Este banco investiu biliões de dólares para se tornar o líder global no mercado da transacção de “créditos de carbono”, através da Emission Trading Scheme da União Europeia, do Clean Development Mecanism das Nações Unidas e do sistema “cap and trade” proposto para os Estados Unidos, que por McCain quer por Obama. Conforme a própria Lehman anunciou, em dois robustos relatórios intitulados The Business of Climate Change, esperavam tornar-se rapidamente a primeira empresa de correctores para as emissões de carbono, num mercado que se esperava que a curto prazo valesse triliões de dólares.
Era este o sonho antes do rebentar da tempestade. Sonho que alimentava e unia burocratas da União Europeia, capitalistas, ambientalistas, e muitos dos indignados esquerdistas que hoje arrotam postas de pescada na Wall Street e nas praças das cidades do mundo ocidental.
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