Thursday, June 26, 2008

A Quarta Coluna de Trafalgar Square.(1)


A Royal Society of Arts lançou um concurso para ocupar a quarta coluna deste monumento, que glorifica a vitória (e a morte) do Admiral Lord Nelson na batalha de Trafalgar, que opôs a marinha britânica contra as armadas francesas e espanholas simultâneamente. A batalha foi travada em 21 de Outubro de 1805 ao largo do Cabo Trafalgar no sudoeste espanhol. Este quarto pilar nunca foi ocupado por peça alguma.

Para surpresa, o projecto vencedor não foi um projecto, mas dois projectos. Um primeiro prémio ex aequo para Antony Gormley e Yinka Shonibare.

Antony Gormley, apresentou um projecto não-projecto. Aparentemente falido de ideias, resolveu apresentar como projecto, a quarta coluna vazia para ser ocupada "pelo povo". Obviamente que este "povo", não é povo que combateu na célebre batalha naval, ou na Blitzkrieg ou el Alemain ou em Waterloo. Este povo, que morreu em batalhas no decorrer da História, acreditava na força da sua razão e na preservação da sua liberdade. O "povo de Gormley", vive assustado pela violência dos beduínos imigrados na Europa. São simples consumidores-transuentes que têm o divino direito de fazer as figuras que quiserem (incluindo as tristes) em cima da colunata, durante uma hora. Depois, têm que dar lugar, a outro transuente, enquanto os parentes se vão babando de felicidade turística, ao ritmo dos disparos dos flashes consecutivos... para mais tarde recordar. Isto na melhor das hipóteses, porque na pior, é tornar-se um novo speaker's corner, desta vez em altitude, ocupado por radicais muçulmanos, que de megafone em punho atiram às trombas dos turistas as "virtualidades" da jihad islâmica, num verdadeiro monumento ao multiculturalismo.
Isto de um ponto de vista prático e funcional, porque de um ponto de vista filosófico, esta "obra prima", prima pela desqualificação de toda a História Inglesa. Chegámos então ao ano zero, entaládos, entre o deliberado (e político), esquecimento do Passado e o No Future. Só o presente-transuente conta. É tão zeitgeist que até mete dó. E se os mandassemos à merda?

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