Saturday, December 13, 2008

O Fogo Grego (1)


Nos últimos dias o mundo assistiu, sem incredulidade, á revolta dos jovens gregos que colocaram o berço do mundo ocidental a ferro e fogo. A deflagração de tal crise foi atribuída á morte, mais ou menos banal, de um jovem pela polícia, o que não explica de forma alguma a violência de tal incêndio. As causas de tal revolta são complexas e diversas. Por um dos lados, o sistema político, alegadamente chamado democrata faliu. A corrupção nos países do Sul da Europa, nomeadamente na Grécia e em Portugal, já para não falarmos na Roménia, Bulgária entre outros, é agora descarada. Tanto lá como cá, os partidos chamados do "arco do poder" deixaram caír as ideologias (a única ideologia detectável é o ecologismo "back to nature" que também concorre para a falência dos regimes democráticos como iremos ver), e transformaram-se em gangues (os seus aparelhos partidários) que disputam, com ferocidade, os tachos que a governação dispõe. A ideia do "governamos agora para depois nos governarmos" até já está ultrapassada, pois o que acontece é que " governa-mo-nos agora e depois também". Ninguém, neste momento, consegue perceber onde estão localizadas as fronteiras da política, dos negócios e da comunicação social, o chamado quarto poder. Entre nós o caso do BPN, do BPP (entre outros) e da jornalista Fernanda Câncio são paradigmáticos desta promiscuidade entre as diferentes esferas do poder, cujos limites, deviam não só ser respeitados como serem claros á opinião pública, para a saúde do próprio regime democrático. Ser juntarmos a tudo isto a falência da Justiça que se tornou incapaz de julgar os poderosos, (não há gente poderosa presa em Portugal) ficamos com um sistema político cada vez mais próximo de uma cleptocracia, cada vez mais totalitária como irei demonstrar, embore se apresente com o discurso da democracia e com os rituais, cada vez mais periódicos, de simulação de um sistema democrático funcional.

Esta encenação de democracia não passa despercebida aos cidadãos que entendem que este sistema já não permite os chamados "elevadores" sociais aos cidadãos não filiados nos partidos políticos dominantes, nem o mesmo acesso aos meios de comunicação, apesar da internet. Em vez da repressão policial e armada com que tradicionalmemte as ditaduras do séc. XX respondiam a todos os dissidentes e contestatários, a ditadura destes sistemas de encenação democrática respondem pelo desprezo em liberdade, de todos os tipos de manifestações ou opiniões, desde que se possam continuar a governar.

No comments: