Assisti ontem a um documentário da National Geographic sobre as cruzadas, se assim se pode chamar a uma peça de deliberada predilecção pelo masoquismo recalcitrante. Toda a narrativa passou muito para além da habitual caracterização dos cruzados e da fé cristã. Não só os epítetos normais do revisionismo histórico estavam lá todos (os cruzados não eram mais do que fanáticos duma religião impiedosa, porcos de uma falta de higiene doentia, injustos, selvagens e estúpidos) mas também, pela primeira vez, assisti a um acto transmitido, por uma instituição ocidental, de elogio e apologia á lei da sharia.
Tal documentário foi um miserável acto de proselitismo pro-islâmico.
Para resumir, a ideia central da ficção, era a de que Saladino era um nobre e um justo cavaleiro, e que tal nobreza e justiça foi o resultado directo da sua obediência á sharia, a lei islâmica. Por simples transitividade, a lei da sharia encerra, portanto, intrinsecamente, justiça e nobreza. Quem diria?
Claro que as fontes do programa na caracterização de Saladino, foram as do biógrafo particular dele mesmo, um tipo embrenhado na lei da sharia até á medula, mas isso pareceu não incomodar os realizadores e produtores do manifesto. Serem alarvemente tendenciosos não envergonha os jornalistas da actualidade. Bem pelo contrário, é um orgulho para eles servirem a causa islâmica como bons dhimmis que são.
O facto de que a lei islâmica de protecção aos povos do Livro, exigia que se subordinassem a um estatuto de inferioridade dhimmi, foi completamente atirado ás urtigas e só o pagamento de uma taxa, a jizya, foi referido como se tratasse de um imposto vulgar.
Apesar da interpretação sentimentalona de alguns modernos historiadores ocidentais, havia aqui muito pouco de generosidade e muito de pragmatismo oportunista. A pilhagem e a Jizya eram as principais fontes de rendimento da civilização islâmica, na época e não só. Por contraste, para além do mundo islâmico, a Dar al harb, a casa da guerra, todas as estruturas não islâmicas e individuais eram e são consideradas alvos legítimos de ataque, e de guerra santa contra os infiéis. É o que acontece hoje em todo o mundo não islâmico. Dos USA, á África, da Europa á Rússia, de Israel á Tailândia e á China. A jihad é mandatária e obrigatória para qualquer muçulmano.
No referido programa, escamoteou-se completamente a raiva e o ódio com que os muçulmanos pilhavam, escravizavam e matavam inúmeros peregrinos cristãos apanhados em devota peregrinação á Terra Santa. Pormenores destes não interessam nem ao menino Jesus e muito menos áqueles que servem a propaganda islâmica nas nossas sociedades ocidentais.
Continuando na História, os ataques por parte dos muçulmanos, não se ficavam só pelas pessoas que seguiam em viagem religiosa. Os islâmicos invadiam, pilhavam e incendiavam as igrejas cristãs da área e (ainda hoje acontece no Egipto), no séc XI conquistaram a Palestina.
Fazendo uma breve retrospectiva histórica, só desse tempo, o leitor pode ficar a saber que:
Em 640-646 os islâmicos atacaram o Egipto a Palestina e Tripolitania, tudo mundo cristão.
Depois seguiu-se o Iraque, a Siria e novamente a Palestina, tudo terras e povos cristãos.
A Arménia muito cristã sofreu em 642.
Depois Chipre, as ilhas Gregas e a Anatólia, tudo isto entre 649 e 654. A Cilicia e a Cesareia de Capadócia em 650.
A Capadócia foi invadida e submetida aos califas Sulayman e Umar II entre 715 e 720.
Espanha, Portugal e França foram invadidos (793-860). Em 838 Amorium na Anatólia caiu e a Arménia sofreu sobre o califado de al-Mutawakkil.
A Sicília e a Itália foram invadidas entre 835, 851 e em 884.
A jihad capturou e pilhou Tessalónica em 904. A mesopotâmia sofreu invasão dos turcos no séc XI e a pilhagem de Melitene em 1057.
A Anatólia e a Geórgia foram novamente invadidas no séc XI e XII.
A Siria e a Palestina no séc XI foram assaltadas e tomadas definitivamente.
Só depois de toda esta destruição e sofrimento humanos provocados pelo islão é que chegaram os cruzados.