Fui passar férias a um país muito distante da Eurábia. Num país cuja paisagem não está apodrecida pela presença de mesquitas, minaretes, burkas, niqabs e demais balandraus muçulmanos. Uma espécie de céu, portanto.
De lá, acompanhei, com algum gozo, diga-se de passagem, o incêndio inglês. Há anos que venho anunciando aqui no blog, que o multiculturalismo de estado do Reino Unido irá desaguar nos, pela esquerda malditos, Rivers of Blood. Aí estão… e aquilo em Agosto foi só o início.
Os idiotas úteis de todos os quadrantes políticos, preferem ver os acontecimentos do ponto de vista da economia ou da falta dela. Um ex-deputado do Labour, disse mesmo que os jovens que se manifestaram em Agosto padecem de tédio. E, como diz Pat Condell, que tal inscreverem-se num clube de ténis de mesa?
Discutir e analisar o background cultural e étnico eventualmente violento dos jovens envolvidos naquele caos, não é permitido pelos dogmas do Multiculturalismo, dogmas que nasceram nas Universidades, propagaram-se às elites políticas e são difundidos para toda a sociedade pela Comunicação Social. Dogmas, propaganda e censura fazem parte do dia-a-dia dos ingleses.
A Inglaterra, está enferma e a doença vem muito mais do topo da sociedade do que das suas bases. O multiculturalismo politicamente correcto nas Universidades e na Comunicação Social, é o grande culpado da queda iminente do Reino Unido conforme nós o conhecemos até aos inícios dos anos 90. Não há lugar nenhum no mundo Ocidental, em que o multiculturalismo esteja mais enraizado do que nas Universidades, onde a dhimmitude prevalece, e a liberdade de pensamento e de expressão é mais ameaçada. Esta situação, não sendo específica do Reino Unido, aqui toma contornos suicidas. Como os que relato a seguir:
Em Fevereiro de 2007, aconteceu, o que se passou a chamar, o Caso Clareification. Clareification é o nome de uma revista dos estudantes do Clare College de Cambridge. A edição daquele mês saiu com um artigo que satirizava a religião. O autor, um aluno de 19 anos, gozava com diversas fés, mas o que lhe trouxe problemas, foi o material sobre o islão, que incluía um dos cartoons editados no Jyllands-Posten e um artigo intitulado “Ayatolla Rethinks Stance On Misunderstood Rushdie”, que colocou quase toda a gente em Cambridge, numa corrida para ganhar o título do “maior dhimmi”. As autoridades do colégio chamaram ao artigo “uma aberração”. Foi convocado um Tribunal Disciplinar. A polícia interrogou o editor para determinar em que medida ele violou a lei (nomeadamente a Section 5 of the Public Order Act) remetendo-o para o Serviço de Procuradoria da Coroa. O Cambridge News, num artigo mais de propaganda do que jornalístico, descreveu o humor sobre o islão, como “material anti-islâmico” e chamou aos cartoons noruegueses de racistas e malignos.
O capelão do Colégio, relatou o Independent, também se desdobrou em actividades dialogantes de maneira a tentar diminuir as tensões raciais e foi visto em meetings com membros da Islamic Society e com um imam local, para discutir a melhor maneira de acalmar os medos sobre potênciais confrontos raciais. Por outras palavras, o que é que temos de fazer e dizer ou não para evitarmos a violência?
Notem como os actos de servil dhimmitude são descritos de maneira a parecerem razoáveis e respeitáveis:
“Clare is an open and inclusive college”, afirmou a tutor sénior, Patricia Fara. “A student produced satirical publication has caused widespread distress throughout the Clare community. The college finds the publication and the views expressed abhorrent. Reflecting the gravity of the situation, the college immediately began an investigation and disciplinary procedures are in train”.
Notem como a descrição do colégio considerando-se uma instituição educacional aberta e inclusiva é seguida imediatamente por palavras que demonstram o seu contrário: Uma instituição fechada e exclusiva. A Inglaterra vive o melhor dos ambientes orwelianos. Há anos.
Muitos outros órgãos do Clare College tomaram posição no mesmo sentido: quartar a liberdade de expressão, numa cobardia institucional de retirar a respiração. Se o artigo não atingisse o islão, possivelmente nada teria acontecido.
Enquanto os lideres muçulmanos na Grã-bretanha, que aplaudem alto e em bom som, os terroristas jihadistas e apoiaram a fatwa sobre Rushdie, são tratados com deferência pelas autoridades inglesas, um puto de 19 anos – seguindo a longa, robusta e admirável tradição da sátira britânica - foi tratado como um terrorista.
Algures na cidade de Cambridge, existe uma instituição chamada Islamic Academy onde, segundo o Sunday Telegraph de Julho de 2007, os ataques a Londres e a Glasgow foram planeados; Kafeel Ahmed, o organizador local do grupo islâmico radical Hizb ut Tahrir, também trabalhava na academia. No entanto, enquanto o editor do Clareification foi anatemizado por todos, os representantes islâmicos da Academia partilhavam uma plataforma pública com o Arcebispo da Cantuária, Rowan Williams.
Compare agora o leitor, a resposta dos funcionários de Cambridge acerca do humor do estudante teenager acerca da jihad com a resposta dos funcionários desta e de outras universidades com a presença de jihadistas no seu seio.
Só 3 meses após o imbróglio do Clareification a União das Universidades e dos Colégios Britânicos rejeitaram o pedido do governo para que aquelas instituições estabelecessem esforços para monitorizar a difusão da ideologia jihadista nos campus universitários.
E qual foi o argumento utilizados pelos reitores e outros funcionários para tal rejeição? É que mesmo os jihadistas têm direito á liberdade de expressão.
Esta inversão de valores está a destruir a democracia inglesa e, em última análise, vai destruir a Inglaterra. E o Ocidente.