Sunday, January 27, 2008

Carreiristas


A maioria dos políticos europeus começam as suas carreiras em juventudes partidárias nos bancos do liceu. Na maioria dos países desta velha Europa, o sistema político funciona como um clube privado. Durante o "estágio", o jovem político aprende "nas jotas", a ser um futuro membro da numenclatura. Aprendem de tudo, desde os fatos que devem vestir para as diversas ocasiões, aos restaurantes que devem frequentar. Aprendem a dar respostas evasivas a perguntas difíceis e delicadas. Aprendem a ser leais aos seus colegas de clube e a desdenhar como "populistas" todos aqueles que prestem demasiada atenção às opiniões da "populaça". Aprendem sobretudo, em não se considerarem servidores públicos, mas sim como a "nata" da sociedade, protectores e professores do povo. Se, seguirem tudo isto à risca, com ambição, podem aspirar a uma carreira como políticos de sucesso, ganhando eleições, perfilando-se depois, para prémios de prestígio de meia e fim de carreira, consoante os casos e os lugares vagos, quer na burocracia da UE, quer da ONU. Serão então aplaudidos como brilhantes pelos seus pares da elite social, nas academias abrir-se-ão portas a vários doutoramentos Honoris Causa, e a imprensa extasiada pela partilha dos mesmos dogmas, extasiada pela cívica compreensão de tomarem parte da mesma função, de preservar as elites no poder, para que aquelas possam continuar a guiar o povo, década após década, nas mesmas linhas de pensamento, nas mesmas receitas e mezinhas, acerca da brilhante visão dos líderes europeus e da idiotice americana. Faz tudo parte, de resto, do grande e longo legado da tradição feudal europeia.

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