Na sequência de algumas críticas de amigos pessoais e leitores deste blogg, considerando alguns dos meus pontos de vista radicais, vou deixando aqui excertos de uma entrevista ao Nouvelle Observateur, de Pierre-André Taguieff, que melhor do que eu, explica que o que está em causa é a luta pela sobrevivência da liberdade. E nesta luta, qualquer adjectivo é, no mínimo, desadequado.
Pierre-André Taguieff, nascido em Paris (1946) é um filósofo e politólogo, director de investigação ao CNRS. É o autor de numerosos ensaios de Sociologia.
"Pergunta: O islamismo denuncía a decadência do Ocidente e a sua fé no progresso, assunto a que você dedicou alguns ensaios. É a crença no progresso um sinal de decadência?
Resposta: A ideia do progresso, crença moderna que o futuro será melhor do que o passado e o presente, estruturou o imaginário político ocidental desde o século XVII. Todavia, 4 séculos depois, observamos que se questionou esta ideia de progresso, primeiro pelos teóricos antropologistas radicais do relativismo cultural, depois, desenvolvido pelos ecologistas e finalmente pelos movimentos anti-globalização. Os novos inimigos do mundo Ocidental, utilizando uma linguagem simplificada e maniqueísta denunciam os " mitos do progresso". De acordo com os islamistas, acreditar no progresso é um sintoma de decadência. Seria, como tal, necessário preservar todas as formas de cultura, incluindo o canibalismo, o apedrejamento das mulheres e a mutilação genital. Ou estabelecer a sharia em qualquer lado onde muçulmanos habitem. A constestação da ideia do progresso, demonizado por ter origens ocidentais, tem em si o desejo de apagar a ideia de futuro. Mas como é que seria o Mundo se não pensarmos no futuro e a única obssessão possível, ser a "trama" pelo domínio global de Americanos e Judeus? O sonho de uma união pacífica do Mundo é uma ilusão que está a ser estendida ao Ocidente enfraquecido por dúvidas e pelo criticismo interno do próprio Ocidente. O terrorismo islâmico é um hiper-terrorismo que começou uma guerra contra o Ocidente liberal e democrata (que é o campo dos cruzados e judeus, no entender deles). As pessoas cultivadas devem combinar o dever da História com o trabalho de memória. Grandes divisões estabelecer-se-ão entre aqueles que, dando livre curso aos seus medos, se submeterão a fanáticos criminosos que advogam um terceiro totalitarismo, e aqueles que ao resistirem a estes novos bárbaros, lutarem pela liberdade de todos."
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