Sunday, September 12, 2010

Referendo Na Turquia

Erdogan, o primeiro-ministro turco, consegui que a sua agenda política avance em nome da democracia. A feliz comunicação social europeia assim o entende...
Também a União Europeia, que ainda observa a Turquia como um eventual membro, bem pode aplaudir as "reformas democráticas", mas o que realmente significa a votação no referendo é o avanço da islamização da Turquia, e se esta se tornar membro da UE, significa a islamização também da Europa. Por outras palavras, Erdogan está a fazer avançar uma aparência de democracia porque lhe é, neste momento, um instrumento útil de relações públicas. 
Para este tipo de gente, as democracias são só boas se os cidadãos escolherem votar em todo o tipo de tiranias, incluindo a sharia. Esta noção do oportunismo de fachada  democrática por parte de Erdogan e de outros do seu calibre, é frequentemente obscurecida por dois dogmas politicamente correctos: primeiro, que nós europeus e os turcos (e muçulmanos de uma maneira geral) partilhamos os mesmos valores e a mesma cosmovisão. Segundo, as elites europeias adoptaram o dogma (diria mesmo a profissão de fé) que o islão é bom, moderado, pacífico, tolerante e pluralista.
Esta assunção, afinal de contas, foi fundamental no jogo planeado para o Iraque e Afeganistão. Aliás o país também pertence á NATO. Mas será que tudo isto é suficiente para que a Turquia sob uma liderança islamista possa conviver como membro de pleno direito na União Europeia sem esta correr o risco de descaracterizar na sua matriz judaico-cristã civilizacional? E estará a Turquia verdadeiramente interessada ser só mais um membro da UE?
Eu, penso que não. Há uma questão de valores e prioridades que é de longe mais fundamental para a Turquia. Este partido que ocupa o governo tem raízes profundas no islão político, e persegue níveis de controlo sobre o sistema judicial verdadeiramente inapropriados em qualquer democracia digna desse nome. Ainda assim, a ideia que Erdogan faz passar é a trazer a constituição para uma linha mais próxima da exigida pela UE. A oposição turca refere mesmo que as emendas feitas na constutuição reforçarão o controlo do governo sobre o sistema de justiça turco, isto é uma pé na sharia outro na UE, naquilo apelidam mesmo de golpe de estado islamista. 
O que a Turquia pretende é ser lider da umma. No fundo, é restaurar  a influência do Império Otomano perdida. A ferocidade com que Erdogan se atira a Israel, é disso exemplo.
Não serão os militares as únicas vítimas do resultado deste referendo. A própria sociedade turca sofrerá uma regressão civilizacional. O islamismo emergiu de novo na Turquia com todas as consequências que este facto já veio trazer para a região.: cooperação militar com a Síria, considerada um estado patrocionador do terrorismo, onde constituiu, conjuntamente com este país, um Conselho Superior de Cooperação Estratégica; cancelaram a participação de Israel nos exercícios militares da NATO em solo turco; aproximação estratégica  ao Irão, país que fomenta o terrorismo no Afeganistão contra as tropas da NATO enquanto desenvolve planos para riscar Israel do mapa. Erdogan, festejou provocadoramente a reeleição fraudulenta de Ahmadinejad...etc.
A ironia disto tudo é que, a UE congratula-se com o resultado do referendo, por outras palavras, com o fim do secularismo na sociedade turca.
É tempo de deixar claro que os europeus não só, não querem a Turqui a na UE como a querem fora da NATO.

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